sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Cattleya intermédia coerulea




Foto e cultivo de propriedade de MGloriaM
floração setembro 2014
 
Habitat: O gênero Cattleya agrupa acima de 60 espécies entre unifoliadas e bifoliadas, inúmeras variedades e formas e muitos milhares de híbridos naturais e artificialmente produzidos, constituindo-se na presença dominante nos cultivos contemporâneos, seja nos de colecionadores amadores ou de produtores comerciais em qualquer parte do mundo.
 As espécies de Cattleya habitam o continente americano com dois centros de disseminação: a América Equatorial na região andina no norte e oeste da América do Sul e outra mais extensa, na região costeira do Brasil. Populações mais reduzidas do gênero ocorrem no México, América Central, Panamá e Trinidad. O habitat da Cattleya intermedia, foco central deste trabalho, à época as primeiras expedições científicas integradas por naturalistas e ilustradores das mais diversas nacionalidades, ao final do século 19 e início do século 20, era constituído por uma estreita faixa do litoral brasileiro, abrangendo, no extremo sul, uma vasta área na sua maior parte alagadiça conhecida como Baixada Sul-Riograndense, margeando, em ambos os lados, os grandes lagos que formam o denominado Mar de Dentro, integrado pelas lagoas Mirim, Hermenegildo, Mangueira, dos Patos, Guaíba, do Casamento, Palmares, Quadros, Pinguela, Malva, Barros, Itapeva além de outras de menor porte. A partir do município de Osório, no Rio Grande do Sul, as vertentes da Serra do Mar se aproximam da orla atlântica ocasionando um estreitamento do habitat que se estende, com essa forma, até o limite norte de sua área de ocupação, há quase 2.000 km. do limite sul, conhecida como a Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, incluindo, no seu curso, os litorais catarinense e paulista. Estranhamente o litoral paranaense não foi povoado pela espécie, fato também constatado com a Laelia purpurata Lindley que não foi encontrada no trecho litorâneo que vai de Piçarras, no litoral catarinense até Iguapé, no sul paulista, o que se constitui, no mínimo, numa intrigante curiosidade.
  Embora a largura da faixa litorânea a que nos referimos, a partir do município de Osório, onde os contrafortes da Serra do Mar se aproximam da orla atlântica, raramente ultrapasse os 25 km. também nesse aspecto houve algumas exceções: no Rio Grande do Sul, bem longe do litoral ocorreram núcleos isolados comumente ao longo dos cursos d'água, como nos estuários dos rios que formam o Lago do Guaíba, alguns dos quais tem suas nascentes próximas ou dentro do habita No Guaíba, frente à Capital do Estado, as ilhas eram literalmente cobertas de grandes figueiras bravas, corticeiras, branquilhos, maricás e outras árvores que lhe servem de hospedeiras, as quais eram densamente povoadas de C.intermedia e C. Leopoldii, originando-se daí o nome de uma de suas mais belas ilhas: a das Flores.

 Igualmente, ao longo das bacias dos afluentes do Guaíba, como o Gravataí, Sinos, Caí, Taquarí e Jacuí e dos tributários destes como o Rio Pardo e outros, que integram as mencionadas bacias, foram assinaladas populações por vezes expressivas da espécie, principalmente nos municípios de Santo Antônio da Patrulha, Gravataí, Taquara, Sapiranga, Montenegro, Caí, Taquari, Rio Pardo, Passo do Sobrado, Triunfo, General Câmara e muitos outros. A explicação mais plausível para desenvolvimento desses nichos é a de que, pela ação do ventos dominantes no litoral riograndense, que sopram dos quadrantes leste e nordeste, do oceano para o continente e das constantes migrações das aves aquáticas, tanto as sementes como os miscélios do Rhizoctonia (microorganismo endófito que, por meio de atividade simbiótica, provê a primeira fase da vida dos protocormos recém germinados), foram, através de séculos, conduzidos pelos vales formados pelos cursos d'água, até criarem mecanismos de adaptação às novas condições e formarem os núcleos isolados a que nos referimos. Diga-se de passagem que, tratando-se de adaptabilidade, estamos convictos de que a C. intermedia é uma campeã, senão vejamos:
compare-se as condições climáticas a que ela está submetida no extremo sul do seu habitat, abaixo do Paralelo 32, onde as temperaturas chegam próximas a zero graus centígrados e fica permanentemente exposta aos ventos gelados que sopram a partir da Patagônia associadas ao escasso nível de insolação durante quase todo o inverno, com as condições a que está submetida no extremo norte do habitat, com suas temperaturas próximas a 40 graus aliadas aos índices de luminosidade sempre elevados.

Há registros de sua presença, também, nos territórios uruguaio e paraguaio. No primeiro, nos Departamentos de Treinta y Três e Rochas, foram encontrados nichos bastante significativos na margem oriental da Lagoa Mirim, com densidade populacional similar aos constatados nos municípios de Arroio Grande e na área entre as Lagoas Mangueira e Mirim no território brasileiro. Já no Paraguai as áreas ocupadas e a densidade populacional era bem menor e limitava-se à região sudeste do País, ao longo da divisa com o Brasil, na região de Foz do Iguaçu.
...........

Matéria escrita por
Aldomar E. Sander captura no site da Associação Cattleya intermédia, vale a pena continuar a leitura:
http://www.intermedia.org.br/cattleya_intermedia.php

 

 
 

sábado, 20 de setembro de 2014

Os orquidófilos e o meio ambiente

Floração agosto 2014

Os orquidófilos não são apenas aquelas pessoas apaixonadas pelas orquidaceas. Eles não se fecham em seu mundinho de laelias e cattleyas, dendrobiuns e ondiciuns, buscando a flor extraordinária, de armação perfeita, tonalidade gloriosa e perfume celestial. Podem até cometer exageros nos cuidados com as plantas e no tempo que a elas dedicam. Mas também enxergam além do orquidário e procuram acompanhar muito de perto o que acontece com a natureza.
Essa simpática comunidade está atenta, por exemplo, aos ambientes naturais onde florescem as orquídeas. Preocupa-se sobremaneira com a devastação de ecossistemas que são o habitat de espécies raras — algumas, talvez, sequer catalogadas e que estão desaparecendo diante da ocupação irracional de áreas que precisavam ser resguardadas como patrimônio intocável.
De fato, as fronteiras da irresponsabilidade têm avançado céleres sobre nossas florestas, ecossistemas costeiros, matas ciliares… A hileia amazônica recua para dar lugar à pecuária, o cerrado perde sua cobertura vegetal, a exploração imobiliária desfigura a faixa litorânea. E cada vez que os tratores se põem em marcha, atropelam, dentre outras criaturas de Deus, as orquídeas. Sim, porque o Brasil é um dos países que apresentam o maior conjunto de espécies de orquídeas, com cerca de 3.500 espalhadas por todas as regiões. E elas podem surgir em qualquer parte, em qualquer latitude ou altitude, seja qual for a temperatura, o nível de umidade…
No Nordeste, a esta altura, já se considera comprometida a sobrevivência de algumas das mais belas orquidaceae, nos ambientes que lhes dão abrigo desde que o mundo é mundo. É o caso da Cattleya labiata no Ceará. A serra de Uruburetama, berço de belíssimas flores rubras, está sendo desmatada para dar lugar ao plantio de bananeiras. Árvores centenárias são abatidas e incineradas com toda a sua preciosa cobertura de epífitas. Crime que até agora tem permanecido impune. Entre o Rio Grande do Norte e Alagoas, a vítima da vez é a Cattleya granulosa, elegante moradora das áreas costeiras, que o “boom” imobiliário vem erradicando com despudorada avidez.
Nas associações orquidófilas, fatos como esses são discutidos. Geram-se denúncias. Procura-se conscientizar as pessoas quanto à insensatez que está sendo perpetrada. Por isto, é sempre alentador quando surge um novo grupo de “orquimaníacos”, porque já se sabe que funcionará como caixa de ressonância de idéias novas, como propagadora de uma nova visão relacionada às coisas da natureza.
............................
(Italo Gurgel é jornalista e presidente da Associação Cearense de Orquidófilos)

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Cymbidium










Considerada uma das espécies botânicas mais deslumbrantes de toda a natureza, a cymbidium é uma variação de orquídeas muito cultivada em vários países do mundo, inclusive no Brasil.
Descoberta em 1799 pelo botânico sueco Olof Peter Swartz o nome cymbidium é originado do grego que significa “em forma de barco” fazendo referência ao seu formato. Esta planta é nativamente encontrada em locais de altas altitudes que possuam clima temperado, como por exemplo, países de Ásia, América Central e Oceania.
A cymbidium pode sobreviver por muitos anos se conservada e cultivada da forma correta e condizente com suas necessidades. Veja agora como deve ser feita a plantação e a cultivação desta espécie de planta que certamente irá alegrar e harmonizar sua residência ou local de trabalho.
Materiais Necessários:
  • ·  Vaso com furinhos no fundo;
  • ·  Pratinho para vaso;
  • ·  Adubo natural;
  • ·  Terra preta;
  • ·  Água;
  • ·  Fertilizante natural;
  • ·  Garfo de cozinha.
Como plantar: Para cada duas medidas de terra preta, acrescente uma de adubo natural e misture-os totalmente antes de colocar a muda da planta. Para facilitar na mistura, coloque a terra e o adubo dentro do vaso, faça a mistura com um garfo e finalize aplicando um pouco de fertilizante. Abra um buraco no centro do vaso de aproximadamente cinco centímetros, acrescente água e coloque a raiz da planta. Cubra com terra e adubo misturados e jogue, delicadamente, um copo de água na terra próxima á raiz, despejando por último, sobre a superfície, uma colher de fertilizante.
Cuidados e Cultivação
  1. Manter o vaso em local sombreado, longe dos raios solares diretos para não queimar e danificar as folhas da cymbidium. A planta deve ser mantida em uma temperatura entre 10°C á 15°C.
  2. Uma vez ao mês é necessário fazer a adubação da terra utilizada para a plantação da cymbidium. Isto pode ser feito de duas maneiras: Retirando a planta do vaso e colocando sua raiz em uma bacia com água ou aplicando uma mistura de fertilizante para orquídeas juntamente com água próximo á raiz da planta, dentro do vaso. Isso é importante para garantir o crescimento e o nascimento de novas flores de forma prolongada.
  3. Este tipo de planta floresce uma única vez ao ano, sendo necessário, após esta atividade, cortar as hastes das flores que estão próximas á base. No verão, o vaso com a cymbidium deve ficar em um local de meia-sombra, para que a quantidade de irradiação solar seja adequada e suficiente. Já em estações de chuva e frio a planta deve ficar dentro de um ambiente fresco e bem iluminado. Durante o inverno é recomendado regar a cymbidium apenas uma vez na semana e no verão duas vezes, com um bom espaço de tempo entre a primeira e a segunda regada. Estas dicas devem ser seguidas para que a cymbidium floresça mais de uma vez e viva por muitos anos, decorando e enchendo de beleza sua residência.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A alegria e o prazer de cultivar vandas - Eduardo Dieter Mucke.

Eduardo Dieter Mucke (orquidário Santa Barbara)

A alegria e o prazer de cultivar Vandas

 orquidario-santa-barbara-01.JPG
As Vandas ocupam lugar de destaque no Santa Bárbara.
orquidario-santa-barbara-04.JPG  orquidario-santa-barbara-05.JPG
C. lueddemanninana (abaixo) concorre em pé de igualdade.
orquidario-santa-barbara-02-c-lueddemanniana-aquila-x-vanir-roder.JPG  orquidario-santa-barbara-03-c-lueddemanniana-caerulea.JPG
Para ele, cultivar Vandas só lhe traz alegria e prazer. Eduardo Dieter Mucke, nascido em São Paulo, descendente de alemães, cultiva orquídeas comercialmente, em Santa Bárbara d’Oeste, no interior paulista. Foi ali que instalou o Orquidário Santa Bárbara, um dos mais conceituados do País e que acaba de estabelecer parceria com a Associação Cearense de Orquidófilos – ACEO. Nesta entrevista, concedida a Vera Coelho, ele fala de como vem trilhando, há décadas, os caminhos da orquidofilia.
ACEO - Como nasceu sua paixão pelas orquídeas?
Eduardo Dieter Mucke –  Tudo começou quando passei a caminhar pelas matas intocadas pelo homem. A natureza pura é sempre muito bonita. Nessas andanças, apreciava as árvores com muitas orquídeas floridas e elas me fascinavam. Aprendi muito cedo com a natureza, observando como cada planta se desenvolvia. Na década de 80, construí uma casa em Santa Bárbara d’Oeste e, num pequeno espaço de 8 m2, fiz um “puxadinho” para abrigar minha modesta coleção. Nesse hobby, como quase todo orquidófilo, fui comprando mais e mais. Quando me dei conta, o espaço era insuficiente para acomodar tantas plantas. Fiz outros “puxadinhos”, até que surgiu a primeira estufa, com 105 m2. Adquiri muitos exemplares bons, que chamavam a atenção dos amigos.
ACEO - Como surgiu o Orquidário Santa Bárbara?
EDM – Com o incentivo da esposa e dos amigos, além de excelentes matrizes, comprei o terreno vizinho a minha casa e foi lá que surgiu o Orquidário Santa Bárbara, hoje com 50 estufas, situadas em quatro diferentes áreas, onde passei a comercializar Cattleya e híbridos de Cattleya, inicialmente, e a importar orquídeas de Taiwan, quando, na época (1991), a importação era mais simples. Nesse meio tempo, comecei a investir também em espécies. Adquiri de um orquidófilo, que trouxe da Venezuela, algumas Cattleya lueddemanniana muito bonitas e hoje temos uma excelente coleção, com cruzamentos excepcionais. Há oito anos, em 2001, fui à Tailândia com o César Wenzel, orquidófilo de Rio Claro, em busca de novas espécies de Cattleya, que não existiam no Brasil. Fiquei, no entanto, encantado com as Vandas, pois a Tailândia é o celeiro mundial dessas plantas. Comparando com o clima brasileiro, achei que elas floresceriam aqui muito bem. Adquiri algumas mudas e passei a cultivá-las.
ACEO - O Sr. tem uma predileção em termos de orquídeas?
EDM – Minha primeira paixão foi a Coelogyne pandurata, de cor verde e labelo preto. Depois os híbridos de Cattleya, que passei a meristemar, e as Vandas, que são de uma beleza indescritível.
ACEO – Fale-nos do seu cultivo de Vandas, das vantagens e desvantagens. Algum segredo guardado a sete chaves?
EDM – Cultivar Vanda só me dá alegria e prazer. Não necessita de substrato, as raízes ficam livres e expostas ao ar. Não tem problema com lesma e caracóis, pela inexistência do substrato, consistindo isso numa grande vantagem. Outra que posso citar é a beleza e a durabilidade da flor. Não vejo nenhuma desvantagem. O segredo é adubar e molhar com regularidade. A água e o adubo foliar devem ser misturados para melhor desenvolvimento da planta.
ACEO – Se fosse começar tudo de novo, começaria com orquídeas?
EDM – Com certeza, se pudesse voltar no tempo, trabalharia somente com orquídeas, atividade prazerosa, que exige dedicação e comprometimento, mas é aquilo de que verdadeiramente gosto e o resultado só me traz felicidade.
Entrevista concedida a Associação Cearense de Orquidófilos.
A publicação desta entrevista foi autorizada pela Associação. 
Capturada em 25/08/2014
<http://www.orquidofilos.com/as-entrevistas-da-aceo-nº-12-eduardo-dieter-mucke-a-alegria-e-o-prazer-de-cultivar-vandas>